domingo, 12 de setembro de 2010

Colaboração....

Li o texto de um colega que falava sobre amar ao próximo como a si mesmo, ele constatava a realidade cada vez mais individualista da nossa sociedade e o enfraquecimento do principal mandamento cristão. Estou escrevendo esse texto para defender uma tese que a muito martela em minha mente. Precisa realmente ser assim? Os economistas, sociólogos, etc. liberais e capitalistas baseiam seu discurso dizendo que só chegamos ao nível de "desenvolvimento" em que estamos graças a competitividade, sem ela não haveria porque produzir coisas melhores. Fazemos o melhor para passar na frente dos outros e garantirmos nossa sobrevivência da melhor forma possível. Minha idéia é que essa é uma falácia de pessoas egoístas, penso em uma sociedade não competitiva mas sim colaborativa. Yochai Benkler fala sobre isso através da internet, mas meu pensamento vai muito além. Desejo um mundo sem bolsa de valores, sem inflação, com uma ideia de hierarquia e valorização do trabalho completamente diferente ( quadro que não cabe aqui senão vou perder totalmente o foco), outra relação com o conhecimento, com a tecnologia, com o dinheiro, com Deus... Até as religiões parecem se esquecer de pensar o coletivo. Aliás o que aconteceu com o consciente coletivo? Serviu apenas para manter preconceitos e barreiras entre as pessoas?

Voltando a falar dos dois sistemas de ação humana. O sistema de competitividade se baseia na idéia de que nos aperfeiçoamos, nos esforçamos para criar coisas melhores para sermos assim os melhores entre os pares e receber a recompensa por isso, mas essa idéia se alicerça na verdade no uso do instinto humano, na necessidade animal de ser o melhor para sobreviver, ser chefe do bando, se alicerça no que temos de pior A vaidade.

Contudo, os seres humanos de forma geral tem também necessidade de fazer parte de algo, ser peça no todo, construir em conjunto. Quem já produziu algo em equipe e se sentiu importante não só para aquele fim mas também pra todos que estavam ao seu lado no processo sabe do que falo. É assim que nossa sociedade poderia estar mais "desenvolvida", porque não haveria tantas sabotagens, nem espionagem industrial. Digo mais, provavelmente estaríamos "desenvolvidos" de forma sustentável já que o lucro pelo lucro não faria sentido. O sistema capitalista, maestro em se adaptar, já percebeu o poder do trabalho colaborativo, a importância de um conjunto harmônico e de funcionários felizes, mas claro, oferecendo Yoga todas as manhã aos empregados, mudar a estrutura de lucro ninguém quer.

Becker enxerga os avanços tecnológicos como caminho para formação de uma sociedade mais igualitária, contudo e infelizmente sou cética quanto a isso, creio que é preciso muito mais, é preciso uma mudança geral de valores, e principalmente de ações, não é necessário uma nova forma de governo, desde que o Estado faça seu papel como deveria. A questão é a Economia, hoje ela é que comanda todas as outras ciências e relações e é justamente isso que tem que mudar, a economia deve ser ferramenta, as relações humanas devem ser a prioridade, não as relações comercias ou monetárias de forma geral.

Pretendo desenvolver mais as idéias expressas nesse texto. Aqui deixo o gostinho e a esperança de que alguém leia e pense também sobre isso e quem sabe me ajude a formar esse pensamento.

Um comentário:

  1. De fato trabalhos em equipes harmoniosas e colaborativas são altamente recompensadores e até prazerosos, porém, esses trabalhos não seguem uma ordenação exterior? Pensando no âmbito da faculdade por exemplo, fazemos os trabalhos, mesmo que de forma harmoniosa pela lei que é a determinação do professor. Sua idéia é muito legal, seria de fato fantástico, acredito que ela se aproxima bastante do ideal de Marx, mas isso em geral trabalha com o pressuposto da bondade humana. Não sei o quão descrente da humanidade eu possa estar, mas acredito que Marx só imaginou a possibilidade uma sociedade em que todos trabalhassem pela coletiva sem a presença de um Estado, nesse modelo ideal sem ter conhecido Freud, é imaginar que o ser humano é bom por natureza. É também, o ser humano é divino e demoníaco. Acredito numa justa medida, nem tanto de competição e regra, que é insano, nem tão pouco, que é utópico. Gostei do blog, continue postando!

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